No original Gakuen Mokushiroku – Highschool of the Dead (Colégio Apocalipse – Colégio dos Mortos), geralmente apenas chamado deHighschool of the Dead ou simplesmente abreviado para HOTD., é uma série em publicação desde setembro de 2006 na revista Dragon Age (a mesma de Chrono Crusade e Full Metal Panic! Sigma) da Fujimi Shobo (uma das ramificações da Kadokawa Shoten).
O mangá também foi lançado na Espanha, França, Taiwan e Alemanha. Atualmente tem 5 volumes encadernados (que contemplam até o capítulo 22), estando atualmente no seu 24º capítulo. Vale lembrar que essa revista, Dragon Ace, é mensal e cada volume tem em média 4 a 5 capítulos. Ou seja, é um mangá que demooora para ser compilado em volumes, então esteja previamente preparado para looooongos meses de espera caso acompanhe o título pela Panini. Além disso, a abra esteve parada desde o fim de 2008, só tendo voltado recentemente em fevereiro de 2010 junto do anúncio de um anime que estreia este ano no Japão à cargo da Madhouse.
Os autores são Daisuke Sato (história) e Shouji Sato (arte) e embora tenham o mesmo sobrenome os dois não têm qualquer parentesco. Shouji é principalmente conhecido por seu grande arsenal de doujinshis hentai. Já Daisuke trabalhou em jogos, novels e alguns outros mangás. Ambos são autores bem apagados, mas que ganharam muita fama com HOTD.
HOTD é um shounen-ecchi, cujo tema envolve um mundo apocalíptico cheio de zumbis, onde um grupo de jovens tenta sobreviver a qualquer custo. Uma obra carregada de ação, drama, romance, terror e muito sangue. Convenhamos que descrito assim não parece nem um pouco diferente da tonelada de jogos, filmes, desenhos e quadrinhos sobre o assunto. O que HOTD tem que o faz se destacar?
Eu diria que um dos motivos é o enredo. Ao contrário de outras obras onde personagens, vilões e habilidades tem que ser criadas do nada para dar continuidade a saga, HOTD é uma história super bem trabalhada, coesa e pensada com antecedência. Existe a preocupação de se montar um rascunho do que será a história. Dessa forma a grande maioria dos personagens e fatos que aparecem são citados direto ou indiretamente nos capítulos anteriores, ou seja, é tudo bem costurado. E é feito com tal minúcia que quando a trama vai se resolvendo você vai lembrando as pontas deixadas no início, algumas delas talvez só sejam possíveis perceber após uma releitura.
Essa é uma qualidade bem rara nos dias de hoje, o que de certa forma justifica o extremo preconceito em considerar quadrinhos como literatura. Como o encarregado do roteiro é um experiente escritor de novels e romances, o mangá ganha um charme e só por isso já merece uma chance.
Outro motivo óbvio é o traço de Shouji. Como autor de (muitos, mas muitos) hentais, seus desenhos são muito bonitos, com corpos bem modelados (tirando os “melões”), expressões bem destacadas e boa noção de movimento. É claro que isso torna o fan-service super presente, por exemplo, várias e várias imagens de ataque são extremamente sensuais, ou melhor, sexuais (se você ignorar os zumbis mastigando). Fora a tonelada de calcinha, sutiã, coxões, peitões, bundões, pernões para fora e todo tipo de decote e posição sensual que puder imaginar.
A história em si começa no meio da zona com tudo já acontecendo. Você acompanha a trama através dos olhos de Takashi, que sempre narra o começo e o final de cada capítulo. É uma mistura do presente com a narração de um “futuro” Takashi, muito similar ao que ocorre em Nana (de Ai Yazawa).
Logo no começo três alunos se encontram presos no terraço do colégio cercados por zumbis. São eles Rei Miyamoto, Hisashi Igou e Takashi Komuro (nosso protagonista/narrador). É através deles que nos é dito como a “epidemia” de zumbis teve início nas suas vidas e que a história começa a se desenrolar (inclusive nos apresenta à relação entre eles que evoluirá e os perseguirá por todo o mangá). Enquanto isso, nas demais salas e áreas do colégio, outros grupos de alunos tentam, cada um a sua maneira, sobreviver ou fugir da ameaça. Dezenas de personagens aparacem, muitos deles não duram uma página, mas ao unir todas as cenas, os autores mostram as diversas facetas do desespero e da psique humana. Aqueles que abandonam os amigos, os que se sacrificam por quem ama, os que se suicidam, os que simplesmente surtam, os mais calculistas e por assim vai.
A partir do segundo capítulo o autor monta mais ou menos o grupo principal que perdurará durante a história sem se alterar muito. São eles Rei Miyamoto (uma jovem praticante de Soujutsu – uma arte marcial com lança), Takashi Komuro (nosso narrador), Saeko Busujima (outra mulher, pratica kendô), Saya Takagi (uma garota muito inteligente), Kohta Hirano (um nerd fanático por armas) e Shizuka Marikawa (a enfermeira da escola).
Conforme a história passa o grupo entra em contato com outras pessoas e grupos, movidos por seus próprios objetivos e emoções, explorando assim as diversas possibilidades de reação humana dentro de um caos.
O interessante de HOTD é também o fato de nossos protagonistas não serem heróis, eles não tem o objetivo de salvar o mundo. Eles nem sabem com o quê estão lidando e o quanto a doença se alastrou. Apenas se esforçam para manterem-se vivos e encontrarem suas famílias (ou o que sobrou delas =P).
Alguns detalhes interessantes de HOTD: todos os nomes dos capítulos (chamado de atos) têm a palavra “Dead”, muitos deles sendo paródias de nomes, frases famosas ou ditados, por exemplo: “Alice in Dead Land”, “Guns ‘n Deads”, “The Girl Next Dead” e “Father Knows Dead”. Várias partes da história fazem referência à filmes, livros e jogos do tema, sejam ela citações, nomes, caricaturas ou cenas idênticas, muitas delas citadas no glossário da Panini. Além disso todos os volumes (tirando o primeiro) são iniciados com uma espécie de “a história agora”, onde o autor dá flashs coloridos do que ocorrerá (que devem ficar em preto e branco no Brasil). No final de todo volume também tem outro especial, na verdade é uma página de crédito, mas além disso tem vários quadros com cena do passado pré-apocalíptico de alguns personagens aleatórios. Por último os volumes mais para frente terão espécies de enciclopédias de armamentos, que espero que a editora mantenha.
Como todos já sabem, nossa versão ficou a cargo da Panini, que fez um belo trabalho. É um mangá com algumas reconstruções horríveis de se fazer e com balões tão finos e reduzidos que torna o trabalho de um letrista infernal, mas que graças a Deus foi muito bem feito (louvada seja a Beth Kodama e a Débora Kamogawa!). A tradução e revisão também ficaram muito boas como é padrão da editora. Encontrei apenas um erro de diagramação no Glossário (onde explica sobre Highschool of the Dead).
O acabamento está com capa mole, verso colorido e páginas acinzentadas. Não foram incluídas as páginas coloridas (que você pode ver abaixo), mas possui a ”lista de armamentos” (situado no verso da capa), Freetalks e um glossário caprichado feito pela própria editora. Além disso o índice que ficava na orelha ganhou uma página própria. Continua com a imagem original que havia na orelha, dá até para ver escrito “contents” e pedaços do índice japonês. O próprio Freetalk também estava em uma das orelhas, mas nesse caso a editora pegou a arte da capa japonesa e usou para fazer a página. No quadro branco onde originalmente eram os dados e códigos de barras ficou os freetalks e no “pedaço de papel” onde ficava a sinopse virou uma nota sobre o os freetalks, mais abaixo tem uma capa do volume 1 original que você pode usar para visualizar.
Notei também uma peculiaridade nesse volume. HOTD não é um mangá com margens, o autor sempre utiliza todo o espaço disponível na folha. Mas na versão da Panini você pode ver que todas as páginas tem margens adicionadas pela editora. Nenhuma outra versão disponível na internet possui margens, você pode observar que falta o contorno dos quadros onde toca a margem. Talvez essa seja um borda de segurança para evitar cortes dos desenhos e falas (que ocorrem bastante, prova disso que a própria editora afastava as “falas” das bordas). Sinceramente não acho uma má idéia, embora se perca um pouco do espaço (e achei que a borda ficou grande demais), é ótima a garantia de não ter nada cortado e sem as deformações nos textos.
Vale a pena comentar também que a capa foi de certa forma “censurada”, na versão japonesa aparecia calcinha e as coxas da personagem, na versão brasileira o desenho foi cortado, sumindo com a coxa e a calcinha, ficando ambos os lados do mangá com a mesma imagem. O que é uma pena porque as capas de HOTD são muito bem feitas e o desenho ocupa toda a capa e orelhas. Abaixo você pode ver as imagens, compare a capa da Panini no fim da resenha. Se tiver o mangá em mãos aproveite para comparar a página de índice, a de “Pare você está lendo do lado errado”, a de créditos e a do freetalk, são todas pedaços da capa original.
Quem tiver interesse de ver as capas com mais detalhes pode acessá-las por aqui: volume 1, 2, 3, 4 e 5. Se quiser ver ou comparar mais páginas do volume japonês você pode acessá-los pelo site “MangaHelpers“. Existem também duas capas de volumes especiais que temo nunca aparecerão por aqui: HOTD Plus e HOTD EX.
No mais, encerro esta resenha copiando parte do freetalk do autor Daisuke Satou:
1) Sempre que vou fazer compras no supermercado, fico imaginando qual seria a melhor forma de me trancar ali.…Se você se identifica com algum dos itens acima ou sente que está próximo de se tornar algo assim, esta obra foi feita para você. É diversão garantida! E assino embaixo, é sem dúvida um dos meus mangás favoritos.
2) Fico decepcionado com os mercados japoneses por não terem uma seção de armas e munições.
3) Mesmo num mundo cheio de zumbis, eu não pretendo abrir mão dos peitões, bundões e coxões.
Título: Highschool of the DeadEditora: PaniniAutores: Daisuke Sato (história) e Shouji Sato (arte) Formato: 13 x 18 cm, 176 páginas aproximadamente.Preço: R$ 9,90
Fonte :http://www.jbox.com.br/2010/04/16/resenha-highschool-of-the-dead-volume-1-editora-panini/
0 comentários:
Postar um comentário